sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
superfície é onde o verbo
bóia de sem sentido,
asas pesadas, plumas molhadas
de uma vespa.
Despista o vazio
com o eco escancarado
de clássicos empoeirados,
urgências exotérmicas saciadas
com delírios marginais.
Funda é madrugada inteira acordada,
convulsões atônicas longe de casa,
inércia do sono em quarto de hotel.
dorme e acorda cem vezes
sem lugar em sonhos imbecis.
- de novo invadida por um poeta russo.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
SHANTI
Entre sonhos inteligíveis
da última madrugada,
sentado numa calçada,
um menino de rua
me aparece austero.
da última madrugada,
sentado numa calçada,
um menino de rua
me aparece austero.
Alguém que não vejo passa ao largo
e fogo sem haver porque atiça
nos membros miúdos
da criança estirados.
Impávido permanece
o pequeno inerte.
Acolhe as chamas,
o dedo médio me lança
com olhar impassível
de foda-se a tudo,
e cruzando as pernas
se recolhe profundo
à posição de lótus
no mundo.
Pequeno ser preto
de rua, singelo tibetano
com vestes em farrapos
e olhar de desapego.
Ele os olhos fecha
e sereno deixa
em seu corpo
se alastrar o fogo
frente à minha estática
contemplação.
O que quis dizer?
a mim,
este menino
monge.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
DANDARA
Dandara comemora seus 4 anos de existência em 2013. Ocupação urbana com cerca de 6.000 moradores, esta comunidade se tornou referência nacional na luta pela moradia e teve sua história registrada em documentário do diretor argentino Carlos Pronzato, cineasta/ativista com mais de 30 obras realizadas, todas elas resgatando histórias de movimentos sociais e biografia de lutadores da América Latina. Assumi a fotografia still e imagens adicionais no filme. Acima, o link para o filme completo. E para conferir o meu registro como still, clique aqui.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
d e s i n f e s t o
nem tudo termina
na palavra
manifesto
antes o silêncio
pousado numa letra
do alfabeto
ao vazio de um discurso
escancarado
[vida longa ao olhar
à espreita de um abraço]
Nana Boroquê,
Oyá, Oyá.
domingo, 14 de julho de 2013
do mínguo confesso
quando quiseres entrar
pode ser de não encontrar
sentido inteiro de pressa,
só minguante.
talvez encontre mistério e silêncio
quando a febre passar
e meu corpo acordar
desse olhar de querer
ver.
vou estacionar meu susto
do mundo em seus braços
e repousar essa nostalgia de
contemplar sozinha o entardecer.
tomo ávida seu espaço de dentro
quando te flerto nos olhos e
quanto mais capto,
menos penso.
pode ser de não encontrar
sentido inteiro de pressa,
só minguante.
talvez encontre mistério e silêncio
quando a febre passar
e meu corpo acordar
desse olhar de querer
ver.
vou estacionar meu susto
do mundo em seus braços
e repousar essa nostalgia de
contemplar sozinha o entardecer.
tomo ávida seu espaço de dentro
quando te flerto nos olhos e
quanto mais capto,
menos penso.
enquanto você viaja
rogo eu adeus
em sonâmbulos versos
e também viajo eu.
e também viajo eu.
adeus às esperas,
aos entraves,
aos freios que secam
e castram fábulas
por meras vaidades.
essa estranha paz ciência
adquiri faz séculos -
sou feita de ecos, Perséfone
de um mundo avernal.
se espera ácida
rapta o tempo,
melhor é que sejamos
hasta el infinito lentos.
domingo, 2 de junho de 2013
último tango
o impulso, analfabeto,
ao reger-se por um sopro, um eco,
se ajeita como um germe
mínimo de tempo
para um zeus criança
dentro tudo claro
como um e um são sóis
esse repentino querer
se toma forma de nome
cria reino escuro de reter
dito e certo saber, lugar comum
o certo é deixar sem escrito
esse desencontro súbito
de nós dois
se ventas, por que vacila?
se nuvem, por que inventas?
se sopro, por que tormenta?
propósito:
corpo e corpo ocos
num quarto vazio
promessa
livre de gramáticas
segunda-feira, 20 de maio de 2013
rasgacielos
Pressente
e aceita no ato
o que antes desse instante rasgar
já rangia na calmaria de um vento:
cada afeto abarca um teto,
cada sentido adentra manso
e toma o mundo ao seu tempo.
o que antes desse instante rasgar
já rangia na calmaria de um vento:
cada afeto abarca um teto,
cada sentido adentra manso
e toma o mundo ao seu tempo.
domingo, 5 de maio de 2013
estou farto
desse sem sentido fardo
de crer em metáforas e pardais
dose extra de sentido
tomo um comprimido
e acordo sem saber
onde e porque
ponho o léxico pra fora
desligo a tv num soco
quebro um ovo goro
estou só gordo
e deitado num sofá
um jornal aberto ao acasode crer em metáforas e pardais
dose extra de sentido
tomo um comprimido
e acordo sem saber
onde e porque
ponho o léxico pra fora
desligo a tv num soco
quebro um ovo goro
estou só gordo
e deitado num sofá
tem um meu retrato antigo
vestido de smoking
estampado
que putaria é essa?
tento dormir
Babel esmurra a porta
em trinta segundos disformes
caverna sem fundo
silêncio profundo
enlance sem freio
de nós dois
tento calar no peito essa dor
vou morrer tarde e sem cor
preso como a um enredo fétido
de bukowski
ó velho,
que festa grande
que festa grande
sexta-feira, 26 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
segunda-feira, 11 de março de 2013
belo horizonte
confirma-se a suspeita no peito:
pode ser que a felicidade seja isso mesmo,
o tempo das folhas
sim, dói um pouco ser tão pequena
mas às vezes é bom, pois caibo nos pequenos cantos
- me enrosco nos troncos sem que me percebas
só o coração quase não suporta
uma cidade deixando morrer suas sombras
penso, penso.
haverá saída para el hombre?
o outono somente agora se descortina
e a primavera,
drummond, e a primavera?
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