terça-feira, 29 de agosto de 2006




dia desses, numa tarde de feira, andante perdida procurando ângulos para enquadrar a primavera em Niemeyer, Niemeyer em mim e eu na primavera









domingo, 13 de agosto de 2006




o poeta morreu na virada da noite, era quarta ou quinta feira, a notícia foi dada na feira dos livros, o coração da ouvinte acelera e bate nervoso com a notícia, não devia bater assim, ela pensa, em respeito ao do poeta que parou, rejeitando o corpo novo, ele morreu, isso lhe soa melancólico, não devia morrer assim, devia escrever mais, o poeta, foi pouco, foi muito pouco, e sempre seria pouco tudo o que escrevesse, o poeta não lhe sai da cabeça, o encontro no corredor do hospital, ela presa com a atual experiência da dor e ele de repente à sua frente, o sus, dizia ele, o sus, a cti, o coração, o verso, o quarto, a cama, a enfermeira, titanic, tudo podia afundar, mas ainda ali navegando, era impossível sentir algo que não poesia, envergonhou-se da própria dor, pequena dor e levou dias com aquela imagem em si, até hoje em si, a imagem do poeta, José Maria Cançado.


quinta-feira, 10 de agosto de 2006