segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


e eu querendo caminhar ali. eucaliptos...






"se é possível morrer - morrer, fisicamente - de falta de amor, então o tio está para morrer. Vai levar algum tempo; mas vai acontecer. se nada mudar, vai morrer desta doença. alguns morrem por não poder amar, outros por não ser amados. de qualquer modo, os que ainda crêem que o amor, mesmo um amor simples e modesto, lhes devolverá o gosto de viver, estes serão liquidados primeiro. o tio acredita que um dia adormecerá num terraço de bar, diante de um último copo, e não acordará mais. Isso deverá acontecer de modo suave, mas o diagnóstico mostrará que sua doença tinha chegado à maturidade: terá morrido de um excesso de falta de amor."
(Mamíferos - Pierre Mérot)

sábado, 8 de dezembro de 2007


não há existir sem imaginário. a palavra descasca o real e me transforma em multiplicidade. a palavra me destranca e sou o que não serei nem fui. mas falta um grito, um último grito que me destrave, que me destaque, que seja em mi; há um grito uivo, um grito gesto, um grito escárnio, um grito música, um grito verso. há um grito ainda não-palavra. sei que virá já-já. depois dele, eu.