sexta-feira, 27 de julho de 2007




O silêncio ronda a casa na primeira pessoa do singular. deserto. abandono toda e qualquer multidão. o monólogo produz minha literatura. verborragia de solidão. um dia talvez te alcance, hospede gotas no corpo suado. enquanto talvez amanhã não chega, a canção, produzo conjugações. as palavras, digo-as sem saber se te alcançam. não quero alcançá-lo, quero cantá-lo – palma com palma (ventre com ventre). digo para que a linha produzida ilumine um horizonte – a letra junta ilumina. trago-te por ela. da tela, com pincéis, traço tua tez, deixo de estar só, apesar de saber ser (só). digo que não, que meu castelo de folhas escritas me integram. no máximo dão-me mais consciência do tamanho do fim, que não tem métrica, que não tem ponto. consumo letras, bebo-as como leite quente, vicia-me, cafeína (quero ainda tomar-te). me oprimem mas não os abandono (os signos). tento desapegar-me, danço com olhos cerrados, meus cabelos em pôr do sol, cordas soltas de violão. suo, umedece a epiderme, exige nudez, dispo-me. toda nudez será, toda nudez já é, castigada toda [segredo]. enquanto o mundo roda, enquanto todo movimento comprova o infinito, eu me tranco para que não me percebam. tento equilibrar. paro palavras, minha máxima maternidade. levaram nove segundos para compor-se. prematuras. passarinho. exijo que elas me digam. há eco, sinal de espaço vazio. tombam em pedra e voltam. tropeços. havia-os, calhaus, no meio do caminho. insisto, sei da possibilidade. intuo. há mais que feixes de luzes trombando pedras - quando se integram, estrelas.


quarta-feira, 11 de julho de 2007

Quando o dedo pousa o umbigo um uivo vai ter com a lua. A lágrima jorra dos poros, o olhar, intacto no teto, tenta definir a cor da luz, não é de um amarelo ouro, talvez um pouco mais tendente ao rubro, fechou, pequenas minhocas piscam no breu, coloridas. Talvez fosse isso o infinito, ó deus dos incrédulos, ó divindades dos ateus, se é isso o fim supremo dos eleitos eu acredito no paraíso e, egoísta, quero ser escolhida. Abre-se as pálpebras, a parede fixa o limite, situa-se no mundo, há asfalto do outro lado, a terra lhe retém, olha ao lado, há um corpo que também olha, que também pensa fixo na retina. Volta ao mundo e nunca sabe de onde vem. Quer apenas lá, intervalo de luz.