domingo, 19 de agosto de 2012

VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO




...O sertão parece um só de cabo a rabo, em suas dimensões geográficas, lingüísticas e históricas, do linguajar inventado pra dar conta das suas rachaduras ao tempo que parece estacionado na hora mais quente do sol. Ali consigo respirar o mesmo ar de Guimarães, de Graciliano, de Euclides da Cunha, o mesmo sol abafado, terra trincada e trejeitos da seca impressos num desmascaro que eu deposito ainda como herdeiros do Cinema Novo...


Nova publicação minha em Palavras Sobre Coisas. 

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sábado, 18 de agosto de 2012

ÉLAN




o mais extremo pode ser o mais provável, uma desaparição em teias de significado tecidas à própria mão. por isso nem sempre retorno das minhas viagens, posso ficar por lá, pois o que vejo não está grifado no que borda a sua língua, mas na minha fome dela, sentido unívoco em instinto antropológico prenho de lógica e realidade. um homem sentado a escrever absorve a memória e o pensamento de uma mulher. a visão se faz pelo fora e dentro deste quadrado um homem que escreve será sempre um homem que escreve, uma projeção de luz na sombra em noite sem lua, sem poética, sem metafísica, sem nada. um deus da criação. a mulher traz uma polaroid e registra os tons de cinza do homem. quem come quem nessa história? eles abdicam de toda filosofia ao negarem entender. antropofágica, ela rasga suas letras, tritura em seu sexo a prosa concebida em etimologia de silêncios. fotografia de escuros. não somos seres cartesianos e sim selvagens em mil possíveis nós, uma categoria plena em carência sensorial, vazia de personagens mas cheia de encenações. image made. em síntese, bípedes que amam tomar chuva mas erguem templos ao Sol, narcisos e obsessivos pelo semelhante - por isso a gênese do barro: bichos guerreiros e egoístas cavernosos, mas inventivos e imagéticos. o homem pára de escrever. a mulher está estendida na cama mas se levanta em recusa a uma posição meramente passiva. ela é índia meio branca meio afro. e ele leão escorpião sagitário. 

milênios antes de tudo. 




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PERCURSO DE SERPENTE




Andei por vertente de terra
com o peito nu a furar
jorro bravo de rio
contra a nascente.

Estava tu lá,
jagunço destemeroso,
tal a força das águas
desde longe a cumprir sua sina
de travessia na seca,
desdobrando o longo corpo
em afluentes.

Encurvei meus braços em seu tronco  
e nele cravei meus dentes
amolados como um facão enferrujado.

Rasquei sua veia,
bebi sua seiva
amarga
e deixei de lutar,

agora entregue ao sabor
do vento,
ao caminho do mar,
ao movimento livre
de Opará.



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SER-TÃO FOTO VIDEO



Torno pública a minha mais nova página de fotografia, espaço compartilhado com Rayza Lelis, parceira de trampo

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