quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

conversa de bêbada

te pergunto por que me habita.
você diz não saber. i don't fuck know.
uma cachorrinha preta, que intitulo "pretinha" come do nosso churrasquinho.
você sorri da obviedade do nome que a batizo.
branca, então. digo.
hilda hist.
marguerite duras.
a magricela é arredia. feito eu, você atesta. e tem as orelhas de abano.
me embebedo. você não gosta.
pergunto como suporta alguém como eu, assim tão...
nem eu me suporto.
porque quando você me toca, sinto o mundo, sinto o que há de vida pra além de mim e me desespero. o toque me alucina.
sinto saudade de tudo o que deixei pra trás, sinto preguiça de tudo o que finjo querer fazer. you are free. pule. morra. - você soletra, sem paciência. mas vamos pra casa, pequena...
qual tamanho você me gosta, mostra aí pra mim? quantos números você me ama?
essa pergunta tola, solta antes de me fechar para o sono, de me trancar para o mundo, me torna feliz.
concluo: existem dois anjos apenas no mundo. você e marcos.
quero dormir bêbada. quero me misturar.
qualquer sobrenome vale mais do que leite.
a minha literatura é uma merda, tenho dito muito palavrão, mas me cansei do jeito manso de dizer ou fingir o que penso.
hugo.
se eu morasse numa casa traria pretinha pra viver comigo. triste o olhar dela. sim, feito o meu. já morremos há muitos séculos, você e eu.
há uma mulher espichada no meu tapete. e isso é bom. é bom.
amanhã chegou. tenho medo do amanhã.
mas o mundo é mundo...

não quero ser poeta.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

augusta



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cansada de se deitar com outros corpos, hoje ela arrombou a porta com força, ciumenta, viceral, extravagante. bicho colérico e vingativo, parece não suportar os seus dias de alegria. vem com a língua dos becos, expulsa para fora toda a luz, esconde-a atrás das cortinas e escancara os diabos noturnos engavetados pela casa. primeiro ela se esfrega nos seus olhos, provocando cegueira. depois dá nó no cérebro, puxa com pinça uma veia e bebe seu sangue até deixar-te tonta, quase morta. e se espalha pelas carnes, despudorada. aperta seu peito com mãos possessivas, agarra seu ventre como se a ela pertencesse, a joga na cama e te bate com força, quer ver-te ferida. verme rastejante carente de sangue, nojenta, feiticeira. te deixa odiar o dia, bafo vindo do inferno. "tenho sede!", grita. "muita sede!" - mulher embriagada, imbecil, estérica. te ameaça. te faz mentir o sol de morte, refém do grito. capaz dos textos mais sujos, repletos de nada.
com ela és capaz de ferir feito ela te fere, capaz de parir como ela te pari, capaz de sangrar como ela te sangra, capaz de morrer como ela te vive. te entorna! veneno. sede, sede, sede, sede.

nesses dias serás.........
......... ....dias de
Augusta.
............... ... enxaqueca



domingo, 16 de janeiro de 2011

o cheiro do mundo





(koukla e geo by me)

quando uma palavra toma a rua, toma a boca e a carne de um coletivo, quando a expressão se expande até agregar um outro, aí, quando a palavra deixa de ser sua e torna-se vida, há sentido de ser no mundo. o sentido está na expressão. e a expressão só tem sentido quando compartilhada no afeto. sinto-me afetada. o tempo inteiro, integralmente. me afeta a luz, me afeta a música, me afeta a composição do grupo, me afeta pensar que a noite depois de amanhã chegará. e eu estarei presa a ela, inevitavelmente. e eu a terei criado. mas não sei nada sobre ela. não concebi a sua essência, apenas lancei um se no mundo. amanhã mudo de casa para dentro de um surto. e não quero retornar de lá. quero me expandir a partir dali para um outro nexo, que pode ser este mesmo aqui, reconfigurado. falo da primeira pessoa. sempre falo daí, mesmo quando me faço passar por ela. mesmo quando sou macho. ou deixo de querer estar. ainda não aprendi a me tornar pseudônimos. e enquanto moldamos um mundo à parte, concebemos as formas, as cores, os sons, enquanto concebemos o que há de ser a obra de todos, enquanto ela ainda está lá, no depois-de-amanhã, passo por aqui. porque este lugar me detona, mesmo no silêncio. porque este silêncio guarda as minhas passagens, me territorializa, manifesta o que sou, mesmo já tendo deixado de ser. torna-me mera ontologia. cemitério. embrulho de pão. mas há cheiro no mundo. e isso é o que importa agora.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

01:53



breu absoluto e cuchicho da chuva.

dias de ócio: o cheiro do mundo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

o grito


acabo de encontrar esta foto
.............................. nu-sol.


não sei quem a produziu
mas me sei nela.

uns mais iguais
- personas cabeças,

estado de mundo.