domingo, 9 de março de 2008

Chão de estrelas

a noite desce e vem junto do corpo cobrir a pele de caos, a noite enche de infinito a janela e faz a moça que ama muito pular, ela não sabe o que encontrará, fixa um ponto branco no asfalto e sonha que vê estrela, tem casca dura, dói a cabeça, não é como planeta que deixa entrar, devia ter fixado o olhar no sinal vermelho da rua que não deixa carro passar. a noite desce e leva a menina embora. ela nem saberá do fim. e haverá fim, a noite? e haverá fim no corpo que pula? - chega alguém e bate à porta, não encontra. olhando ali se vê a cidade ao longe, da janela. uma certa serra que se deixa fixar. ele vê lá embaixo. ela ainda joga um raio pela pupila, avista a janela, lá ao alto, avista um rosto, quer voltar. precisa descer, virar o mundo, cair de cabeça para baixo, quer voltar e cair na boca do amado, quer voltar. o corpo não cai de volta. o corpo se retém no asfalto. o corpo numa pequena multidão de cabeças de espanto. a cor sai do olhar da moça, deixa a moça, vai cobrir de vermelho o chão, vai cobrir de oceano o rosto pálido da janela.