terça-feira, 26 de setembro de 2006

A primavera chegou.
Talvez por isso eu esteja desfolhando.
Dor da folha que secou, dor de botão. A fulô ainda nada


sexta-feira, 15 de setembro de 2006









sexta-feira, 8 de setembro de 2006




Houve de repente o desprendimento e o corpo inteiro se dilatando, para fazer correr por si todo o sangue num só segundo. O organismo transformado em veia, se abrindo como um rio às portas do oceano. A descoberta tão abrupta que temerosa. E aquela dor no peito, porque era muito oxigênio de uma só vez, quase um pulo no abismo, o peito podia estourar. Lembrou-se do pulo na cachoeira, seu corpo entregue à queda, a tensão de se jogar, de ver-se livre do chão, livre da visão, vazia de pensamento, o embate com a água, o estrondo da colisão, descer, descer e depois ressurgir, perceber o sol e segui-lo em busca de ar, sabendo-se viva ainda. Depois aquele sorriso infantil pelos seus limites ainda tão pueris. O choro na cama, o fim do dia num ócio absoluto, observando a luz fazer-se e desfazer-se através da cortina. Assumir o cansaço que dá descobrir-se, a loucura quase sem retorno. Deixar a febre ferir até que surja a palavra que desvende a dor, a espessura da dor, o peso da dor, o sabor da dor, para então degustá-la. Daí experimentar o silêncio do mundo, a ruptura com o mundo. A moral trancada do lado de fora da casa, da cama, do corpo. E o corpo num canto da cama, eufórico, mas ainda encolhido. 


sexta-feira, 1 de setembro de 2006




Uma falta, uma falta de tudo o que ainda não foi e poderia vir a ser... mas já lhe foi dito sobre a impossibilidade do sentimento de falta em relação àquilo que não se conhece. Como assim? Eu continuo sentindo, uma falta profunda do que poderia ter sido e não foi, do que será e ainda não foi, do que poderá ser, mas nunca será... e são justamente a primeira e a terceira alternativas as que mais angustiam... tudo o que nunca e jamais será.