sábado, 18 de agosto de 2012

ÉLAN




o mais extremo pode ser o mais provável, uma desaparição em teias de significado tecidas à própria mão. por isso nem sempre retorno das minhas viagens, posso ficar por lá, pois o que vejo não está grifado no que borda a sua língua, mas na minha fome dela, sentido unívoco em instinto antropológico prenho de lógica e realidade. um homem sentado a escrever absorve a memória e o pensamento de uma mulher. a visão se faz pelo fora e dentro deste quadrado um homem que escreve será sempre um homem que escreve, uma projeção de luz na sombra em noite sem lua, sem poética, sem metafísica, sem nada. um deus da criação. a mulher traz uma polaroid e registra os tons de cinza do homem. quem come quem nessa história? eles abdicam de toda filosofia ao negarem entender. antropofágica, ela rasga suas letras, tritura em seu sexo a prosa concebida em etimologia de silêncios. fotografia de escuros. não somos seres cartesianos e sim selvagens em mil possíveis nós, uma categoria plena em carência sensorial, vazia de personagens mas cheia de encenações. image made. em síntese, bípedes que amam tomar chuva mas erguem templos ao Sol, narcisos e obsessivos pelo semelhante - por isso a gênese do barro: bichos guerreiros e egoístas cavernosos, mas inventivos e imagéticos. o homem pára de escrever. a mulher está estendida na cama mas se levanta em recusa a uma posição meramente passiva. ela é índia meio branca meio afro. e ele leão escorpião sagitário. 

milênios antes de tudo. 




2 comentários:

Renato Torres disse...

Fa,

A conversa dos seres que se põem no embate é feita de ações efetivas, quase sempre inclinadas ao aprofundamento das marcas e cicatrizes da luta. É na severa imagem desse desconcerto silencioso que as vozes gritam, sufocadas de orgulho e medo. Há mais adiante... Haveremos de descobrir?

Beijo

r

Renato Torres disse...

Fa,

A conversa dos seres que se põem no embate é feita de ações efetivas, quase sempre inclinadas ao aprofundamento das marcas e cicatrizes da luta. É na severa imagem desse desconcerto silencioso que as vozes gritam, sufocadas de orgulho e medo. Há mais adiante... Haveremos de descobrir?

Beijo

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