há vulto de um ser morador do lado oposto da rua, numa janela em contra-plano, como figura de fundo, imagem objeto, alter-ego de uma mulher sozinha que olha, espia, reflete, finge não ver. janela indiscreta. busca por um abrigo barato. aqui, a tudo chamam hotel, mesmo àqueles quartos que gemem no meio da enchente. e uma linha deserta a compor. tentativas de adaptação. enfim, estar presa num quarto impessoal de teto alto, de guarda roupa velho e álcool no frigobar. perder-se em anhangabaú, tentar se encontrar na liberdade, refletir as cores do que deve pulsar dentro, numa calçada repleta de corpos sujos de mendicantes e noiados. ilusão enobrecedora da escritura feliz. olhar a linha reta da são joão e procurar pela ipiranga. respirar a densidade do extra-texto. sonho da composição ideal que tome a forma de imagem. a busca por multidão. o que quer, moça? em que ainda acredita quando escreve e quer impor um texto seco a personagens quaisquer, que tomem a forma de boca, que tomem a forma de pulso, que tornem-se cor? a trajetória da cor, a trajetória da luz, a trajetória do texto é o lugar aonde os fracos não têm vez. stalker. um estranho no ninho. qual é o referencial das convenções? o que é um sonho ruim? camadas sonoras, sons específicos, objetos que ajudem a narrar sussurram o plano detalhe, o tom, o ritmo, a pulsação, o insite. dispositivo. forma. mas o personagem é apenas um estado, uma trajetória de estados, uma função da ação. síntese. ela precisa de um escalímetro capaz de medir o tamanho da saudade. e a infinidade de sonhos. sabe-se apenas que o ano novo já adentrou por esta janela. ela já deveria ter-se tornado outra, mas ainda se sente a mesma. 22:54. e se chover demais? tenho fome. um sanduíche de pão de sal com queijo, tomates, azeite e orégano substitui perfeitamente a pizza. mas nada faz cessar a saudade. estar viva é bom, neste fim de dia. (a saudade não é apenas falta. é combustível. tanto quanto queima, faz caminhar.)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
há vulto de um ser morador do lado oposto da rua, numa janela em contra-plano, como figura de fundo, imagem objeto, alter-ego de uma mulher sozinha que olha, espia, reflete, finge não ver. janela indiscreta. busca por um abrigo barato. aqui, a tudo chamam hotel, mesmo àqueles quartos que gemem no meio da enchente. e uma linha deserta a compor. tentativas de adaptação. enfim, estar presa num quarto impessoal de teto alto, de guarda roupa velho e álcool no frigobar. perder-se em anhangabaú, tentar se encontrar na liberdade, refletir as cores do que deve pulsar dentro, numa calçada repleta de corpos sujos de mendicantes e noiados. ilusão enobrecedora da escritura feliz. olhar a linha reta da são joão e procurar pela ipiranga. respirar a densidade do extra-texto. sonho da composição ideal que tome a forma de imagem. a busca por multidão. o que quer, moça? em que ainda acredita quando escreve e quer impor um texto seco a personagens quaisquer, que tomem a forma de boca, que tomem a forma de pulso, que tornem-se cor? a trajetória da cor, a trajetória da luz, a trajetória do texto é o lugar aonde os fracos não têm vez. stalker. um estranho no ninho. qual é o referencial das convenções? o que é um sonho ruim? camadas sonoras, sons específicos, objetos que ajudem a narrar sussurram o plano detalhe, o tom, o ritmo, a pulsação, o insite. dispositivo. forma. mas o personagem é apenas um estado, uma trajetória de estados, uma função da ação. síntese. ela precisa de um escalímetro capaz de medir o tamanho da saudade. e a infinidade de sonhos. sabe-se apenas que o ano novo já adentrou por esta janela. ela já deveria ter-se tornado outra, mas ainda se sente a mesma. 22:54. e se chover demais? tenho fome. um sanduíche de pão de sal com queijo, tomates, azeite e orégano substitui perfeitamente a pizza. mas nada faz cessar a saudade. estar viva é bom, neste fim de dia. (a saudade não é apenas falta. é combustível. tanto quanto queima, faz caminhar.)
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