os dias encharcados de verão e asfalto
na frivolidade e leveza
de quem acaba de chegar do mar
e inda soletra verbos molhados de sal.
mesmo quente, tempo nublado
desde um quando breve. o guerrilheiro partiu
levando consigo outubro e primavera
deixando ao largo, em febril
espera: o amor sabe ser rude.
estou mais esquiva do que antes,
mas, estirada na quermesse do seu braço,
quanto mais em tua carne me apego,
mais ardente e etéreo é o desejo.
minha tv em off,
atentado violento ao pudor.
Je suis or not Je suis,
eis a questão.
2 de fevereiro
jogarei preces a yemanjá
enquanto um deus e outro
segue sendo morto
mundo afora.
voltei a
acreditar em um deus. menor.
em deuses
pretos, orixás
e os que vem
de longe no tempo,
ancestrais
primevos e de origem hindu.
nenhum ritual ou abstração
deixa, contudo, esvair dos poros a luta.
a dor por pão não se esquiva.
novos junhos virão obstinados
por vândalos encapuzados
à espreita de promontórios
de sonhos de liberdade.
o amor mais acende
o vermelho em mim
esse ano é de levante
e desapego.
se te assalto
é porque te demoras,
pássaro
esquivo.