quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

uma odisséia no espaço

os dias encharcados de verão e asfalto
na frivolidade e leveza
de quem acaba de chegar do mar
e inda soletra verbos molhados de sal.

mesmo quente, tempo nublado

desde um quando breve. o guerrilheiro partiu
levando consigo outubro e primavera
deixando ao largo, em febril
espera: o amor sabe ser rude.

estou mais esquiva do que antes,

mas, estirada na quermesse do seu braço,
quanto mais em tua carne me apego,
mais ardente e etéreo é o desejo.

minha tv em off,

atentado violento ao pudor. 
Je suis or not Je suis,
                eis a questão.

2 de fevereiro

jogarei preces a yemanjá
enquanto um deus e outro
segue sendo morto
mundo afora.
voltei a acreditar em um deus. menor.
em deuses pretos, orixás
e os que vem de longe no tempo,
ancestrais primevos e de origem hindu.

nenhum ritual ou abstração
deixa, contudo, esvair dos poros a luta.

a dor por pão não se esquiva.

novos junhos virão obstinados
por vândalos encapuzados
à espreita de promontórios 
de sonhos de liberdade.

o amor mais acende

o vermelho em mim

esse ano é de levante

e desapego. 

se te assalto
é porque te demoras,
              pássaro esquivo.

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