o homem cruza com trôpegos
passos a noite. dela deriva uns
uivos de vento. adentra um atalho de pés descalços e pisa espinhos amontoados
de cactos. junto vem sentidos de cego. fareja uma voz ao longe e pouca coisa o
apavora, restos de aurora.
-
De pé.
-
Eu vou. Não diga mais.
um passo é dado. obscura
expansão, transfusão de si. sangue gasto no outro. o horror metafísico do
desconhecido se esvai com o olhar e nada ver.
- Os teus
olhos, Fausto,
Não mais
chorarão.
-
Agora. Que é que estás dizendo?
-
Nunca acerto no dizer.
enquanto me observas
posso engolir todo o vazio
percorrer distancias
infinitas
e triturar o que sobrar nos
dentes
-
Isso tudo é invento.
-
Melhor parte da vida é esta
que se pare por mera falta
de acontecer.
-
Ponha-se nu.
-
Estou nu.
-
Então vista-se.
-
Feche os olhos e vestido estarei.
Se há realidade
Se há ser
Se há fato
Se há lucidez
Donde reside a loucura?
Nas vias escuras do
amanhecer
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