domingo, 8 de janeiro de 2012

o tempo que te tolhe




Quando o desejado se hospedou no mundo
como possível, um sono fez pender o corpo
em espanto e cansaço. Escárnio –
pois pode um caminho se abrir assim tão claro?

Escuta os primeiros passos do outro
ao contrário de erigir pilares sem aço
a desmoronar ao sabor de um vento
bêbado e enciumado. Cuidado!

Aprende a prender suas águas
antes de as despejar feito mar em fúria
como uma nascente de rio cumprido
que nasce na seca e nunca seca.

Cobre sua carne de espera,
pendura seu coração numa grua,
embrulha sua maciez numa pedra
e deixa o universo a represar.

Balela, quando o que se quer é sangrar.




2 comentários:

Renato Torres disse...

Fabiana,

teu poema me inflama, porque me vejo nele claramente. porque é isso mesmo que somos, água forte querendo espalhar-se, impetuosamente, e tentamos conter, em vão. tempo grande, água pequena, já disse numa canção (que vou te mandar por email hoje). ah, menina... essa coisa de ir sangrando vicia mesmo!

um beijo,

r

Fabiana Leite disse...

Renato,
amigo poeta distante,
as suas passagens por aqui são musendras a florir o caminho e a impedir meus ímpetos de demolição!
beijo
beijo
beijo