domingo, 27 de março de 2011

PAU BRASIL, por Edgar Navarro



Entro na roda pra saudar o amigo cineasta Sílvio Tendler por sua

brilhante e esclarecedora entrevista publicada no último número da
revista caros amigos - matéria de capa.

Muito feliz também porque Sílvio cita PAU BRASIL, de Fernando Belens,
entre os melhores filmes brasileiros realizados nos últimos anos (ao
lado do filme de Vladimir de Carvalho sobre José Lins do Rego: "O
Engenho de Zé Lins").

Por ocasião do lançamento do PAU BRASIL escrevi um texto, ainda sob a
emoção da estreia do filme no Seminário Internacional de Cinema de
2009, no TCA. Tentei publicá-lo no JB, mas não tive a acolhida que
esperava. Filme baiano não é assunto em jornal do Rio, a menos que
tenha QI. Aliás, continuo pasmo com o fato de o filme ainda não ter
tido o destaque que merece. O silêncio é constrangedor. Talvez agora,
com o comentário tão elogioso de Sílvio, a imprensa e os
distribuidores comecem a perceber o potencial do filme no circuito de
arte, mercê de seu valor artístico e cultural, etc.

Aproveito o momento pra publicar aqui o texto que não consegui
publicar no jornal. Li-o com olhos de hoje e continua atualíssimo em
relação ao que sinto por ele.

Viva o Cinema de Fernando Belens! Aliás, também Anil foi elogiado por
Jean-Claude Bernadet ao comentar o boxe dos 100 anos do cinema baiano
em seu blog. E pra minha grande alegria, juntamente com o Superoutro.

E PRESTEM ATENÇÃO: PAU BRASIL é maior do que nossa rusga, nossa richa,
nossa mesquinhez, nossa farinha pouca meu pirão primeiro! Ele nos
nivela a todos num patamar de carências, virtudes e vícios, num canto
terno, viçoso e amoral, desbundante, cinematograficamente
irrepreensível. Somos diversos, paciência – o mundo é assim. Sejamos
mais generosos, compassivos. Não haverá cinematografia bahiana (com ou
sem h) se não formos capazes de olhar pra o que os outros estão
fazendo. Cada um tem seu recado e é importante que todos sejam ouvidos
. Uns mais bem urdidos, outros menos... Mas o silêncio é uma forma de
assassinato cultural. Não existe o tempo certo pra se fazer arte: uns
começam tarde, outros não ganham o mercado - ganham a eternidade;
outros nem mel nem cabaça, y asi es la cosa. Sei que muitos estão
pensando apenas em como se dar bem. Mas um filme que nem esse nos
toca, nos empurra prum lugar de transcendência... Que sei eu? Sei que
o silêncio é redondo, surdo, estúpido, cabal, miserável e covarde;
acima de tudo covarde.

Por enquanto, Fernando, vou dizer o que vc já está cansado de saber:
fiquei extremamente comovido naquele noite, quero ver o filme duas,
três vezes; acho-o belo, sensível, competente, maduro, digno de todas
as honras com que se brindam as grandes obras do trato humano.

Axé!

Edgard Navarro


(para ler a entrevista na caros amigos, com silvio tendler, clique aqui)


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