segunda-feira, 15 de novembro de 2010

romance telúrico primordial ou apocalíptico alegórico


(narrativa já por vezes percorrida)
um quarto de hotel. a leitora toma banho pra batizar o espaço, caminha do banheiro à janela, espia e fecha as cortinas, abre e fecha a porta do guarda roupa vazio, futuca as bebidas do frigobar, tira livros e netbook da mochila, desarruma a cama e se joga dentro, pronta para o vazio que a espera, há um tempo
para se desterritorializar infinitamente menor que a menor das unidades de medida do tempo. percorreu a distância da terra à lua cinco bilhões de vezes para fazer de casa este ponto: cançasso da vasta existência infinita de todas as galáxias. fechada ao corredor do mundo, dentro de si, não sabe o que a aguarda - terror como se toda a verdade sobre o universo houvesse reservado esta ínfima gota de segundo para revelar-se. isso pode significar certa fobia a quartos de hotéis ou o medo da morte, mas nunca teve aptidão para análises técnico-subjetivas de si - consegue expulsar os seus desvarios antes de sucumbir de todo à loucura. (consegue?). alguns quartos de hotéis são banais, como para provar que sua tese primeira, do território neutro e transcendente é falsa. alguns guardam delírios filosóficos. os que parecem insanos lhe reserva horas de leitura e lucidez. outros, moradia compartilhada de dionísio. os mais ousados acordam pessoas mortas. os nostálgicos retumbam amores antigos. templo frio de uma agnóstica viajante. silêncio. mantra. o hotel é o chaveiro de memórias e sensações. você está dentro dele, agora. e o que vê diante de si?


I. é possível substituir hotel por qualquer lugar, o hotel como significado ou materialização da idéia-espaço.
II. aqui se estuda território-e-corpo.

espaço-vácuo
corpo-pensamento

2 comentários:

Anônimo disse...

Hey, I am checking this blog using the phone and this appears to be kind of odd. Thought you'd wish to know. This is a great write-up nevertheless, did not mess that up.

- David

Fabiana Leite disse...

thanks, David! Come again!