domingo, 10 de outubro de 2010

o amanhecer no ser tão

desceu da noite e havia de novo o mesmo encanto compondo a paisagem, como se jamais houvesse deixado de estar ali, vestido de branco, e com olhar interrogativo, a (te) esperar. você? houve a pergunta. dentre seus amigos, disse ela. desculpe, não foi culpa minha, juro, foi de novo o sarcástico acaso, a rir do meu desconforto - pensou. - não tem preferido situações de risco, gosta de ter o corpo velejante distante do perigo, das pulsações que o sertão provoca, aprofunda. por que é ele, o acaso, assim tão cruel com suas tentativas de distanciamento? houve o nome temido pronunciado durante a madrugada, ele era doce, mas a pronúncia não saía da sua boca, apenas o recebia. degustou ainda amarga, cada letra. ditou-se o por vir: no fim da viagem, ele estará compondo o novo dia. acalme a pulsação e aceite o enunciado! ela havia criado tal situação? como pode criar o que teme? como é possível fazer viver uma situação-perigo? negar, de forma intuitiva, toda a distância, e da força da sua negação, criar o momento inesperado,? como ainda pode insistir em querer o que a toda tentativa de aproximação afirma em gesto e palavra, o não?, saída outra ali, não existia, a menos que abandonasse o barco em penúltima paragem, mas também um porque fugir não havia, nunca há motivo assim: antes um pequeno inusitado ao nada consentido. foi conduzida ao amanhacer do corpo vestido de branco. distância, horizonte. não a acuse. apenas escute o silêncio do universo. ela também não sabe o que o besta acaso quer dizer, talvez apenas goste de ouvir o peito de uma mulher acelerado, uma sinfonia em fá maior. não requeiro Céu, requeiro cura.


"ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. medo mistério. a colheita é comum, mas o capinar é sozinho. moço: toda saudade é uma espécia de velhice. coração da gente - o escuro, escuros. assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. viver é muito perigoso. sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar." (guimarães)












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