terça-feira, 19 de outubro de 2010

poeira


falemos banalidades, ora pois. não gosta de dizê-las, mas sigamos ao seu alcance, então, às últimas demagogias depositadas no correio eletrônico, à campanha eleitoral quase fundamentalista, aos conflitos, aos crimes, ao pó, à futilidade dos dias e das horas. deus vota mesmo em quem? e deixemos para o porvir aquilo que não existe, o sentido que move o olhar, as mãos, a noite, o amanhecer, o sonho, inventos melhores do que tudo aquilo até então apresentado como real. deixemos para o além, o depois, o pra sempre, deixemos suspensas em todas as palavras que atrasam o (seu) desejo de brotar, deixemos, enquanto há a reticência, de dentro deste novo escritório de cinzas. suspensão. enquanto seu dedo hospeda um anel a noite cresce para o apocalipse de nós. não é possível crer na unilateralidade. eu pensei. mas quando eu morrer, dizem, tudo vai mudar - um paraíso, três vidas, novos encontros. cidadãos do bem! enquanto finjo acreditar o que é impossível saber, opto pela insanidade do fim, de mim, antes não existir a ter que me incluir entre os eleitos. um voto e. mas quando seus olhos, hum, quando seus olhos... três séculos não são capazes de apagar. lenta, a chuva - há de despedaçar suas cruas e duras resistências. o eterno (de mim) há de fazer brotar um ser de cáctus em nós. deixe-se guiar por esta brisa de diálogo, esse instante pequeno, ínfimo, quase inexistente, pois tudo o que não existe existe. distante... pois é, como dói ter que dizê-las. elas, as banalidades!, quando um rio de poeisra desfalece no são francisco, grita e clama o mar - o sonho da terra de cariranhas. mas o amanhã não nasceu pra ser dito. banalidades sim, sangue, seca, deserto. um mar, um mar em mim... pode ser.

"e se já não sinto os seus sinais, pode ser da vida acostumar."


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