reifico a idéia da madrugada e ela toma a forma de tempo. mas tempo não é matéria, é também invento. o tempo está do lado de lá do pingüim. gosto do pingüim encarnando o piegas e quebrando o gelo de uma geladeira politicamente correta, com imãs de gandhi e glauber. política e cinema são uma coisa só. dentro, alguns ovos e goiabada. as polpas estão congeladas, o que produzirá um suco cremoso. mas um escritor, digníssimo cortázar, deveria sofrer o privilégio de uma imaginação nas encruzilhadas lunares? não ouso uma volta ao caos em 80 verbos. essa nossa cumplicidade, meu caro leitor, é constrangedora! pois fique sabendo que não escrevo para que me compreendas, escrevo para que me hospede! falta casa pra abrigar meus espinhos e nem esta geladeira, com chaplin de bengala, me pertence. mesmo o lote que comprei, a prefeitura se nega a assinar. ó infinita grandeza, há túmulo depois da metafísica? raskólnikof, responda! o ser e o tempo o ser fora do tempo o ser nada sem o tempo. em novembro o tempo chega nos meus anos e faz-me percorrer os algarismos. numa fração qualquer de futuro só existirá a Pergunta Fundamental, o que requererá o guia dos mochileiros das galáxias. mas enquanto esta brisa da janela insiste em apalpar minha tez, permaneço mulher de balzac. às suas costas um paredão de cegos avista e avança. para eles, o instituto dos cegos. para você a glória. ok, ok, não digo coisa com coisa, já sei, já sei, mas desde que o verbo fez-se carne, não resta muito mais a fazer, apenas brincar de escorregador. meus companheiros hastearam bandeira. mas ela não é mais vermelha. e cantaram o hino nacional. veja bem meu bem: o brasil é bric!
Um comentário:
quanta serenidade em palavras fáceis e densas.
o mar de letras nunca foi tão bem instigado quanto esse leve pensar de métrica grafia.
pois bem, por bem, não pare.
a literatura te espera como um grito que preso está atrás das montanhas.
o eco sabe do que falo!
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