domingo, 19 de julho de 2009


barulho de homens bêbados no térreo invadem a janela e rompem o sono no oitocentos e dois. a madrugada se acende antes das cinco. turbulência. o afeto está nas nuvens mas o avião ameaça cair. o longo corredor não tem saídas. área de instabilidade: aperte o que sentes! adentra pela porta o mundo, invade o isolamento do afeto: acusa. por favor, deixe o amor a sós, trancado no encantamento, esquecido do tumultuado asfalto. o afeto abarca a tortuosa certeza – nenhuma resposta brota da boca, só sussurros e salivas em beijos lascivos, manchados de mar. o vento nasce do olhar. da transparência brota um castelo. prostra-se a cidade abaixo dos corpos. cem anos passarão enquanto esta cama quente range. o universo gira para dois. o sol queima todos os planetas. as células incrédulas derretem-se: alarga o devaneio. um dia não cabe dentro do peito. faz-se necessário mais: o infinito. ACREDITE: oh, céus, em que? a verdade se prostra de quatro. se rende. se despe. só resta a relatividade. não há maturidade, mas a fruta pode de verde cair podre se não devorada a tempo. deixe que esta visão de domingo abarque todos os rótulos dos dias de feira. deste momento lindo, da janela em que os primeiros raios assolam as estrelas. elas se sabem eternas mesmo na ilusão da claridade dos dias? há lógica no tempo? insite do primeiro momento: pausa do movimento. ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. há uma terceira e quarta perna que pesa em cima do corpo. quando disser já, balé sem ensaio. o oceano está contido na pupila dilatada do outro. invasões bárbaras declinam o império americano mas antes do amanhecer ainda há um segundo de conforto: velar o sono do amor. ouvir as gotas do transbordamento. então come chocolate, pequeno, porque não há metafísica maior no mundo. vinho às seis, em nome do (en)canto. socorra-me hilst, contra tanta bestialidade! mantenha-me insana para sempre, amém. a dádiva loucura. cuspir em toda insinuação. quebrem o protocolo, por favor, antes do fim do espetáculo. descosturem as cortinas. suspendam o álcool, antes que se firam, esses pobres tolos. e matem ainda mais. antes que eles mesmos se matem. mas tragam dos escombros um pouco de música, por favor. porque assim seca a realidade é por demais cruel! bjork, por favor. obrigada. agora sim: o avião pode cair. estou com os pés fixos no chão, mas as rachaduras brotam das bordas do planeta. a esfera terrestre se abre. talvez haja tempo de um flamboyant furar o solo. sim, só por mais uma vez, esta ilusão de ótica. vermelho, o flamboyant. pra aliviar este deserto de cores. não trema, amor! revisão da língua livrou-nos de tantos acentos. então não trema! ainda estou aqui. confie: o sol pode ainda nascer neste nosso oitavo amanhecer.


Nenhum comentário: