o eterno retorno presente nesta cidade, mais do que em qualquer outro ponto do planeta. por ser uma cratera aberta? por ser um vulcão em repouso milenar? por ter este céu de estrela que cospe ondas do caos? está aí, esta mesma noite lenta, fria, melancólica, poética de quintal. estava lá, nos corpos, na coletividade, no trânsito morno dos membros, na pulsação dos olhares, no infinito de possibilidades, na película que aqui e ali se produzia, na música que se compunha. em momento de tensão a velha retórica da verdade aparece e assombra, assusta, constrange. a palavra pode ser de morte, então não fale. noves fora zero, o olhar permanece como melhor instrumento, o instrumento da sutileza, da delicadeza, do afeto. no silêncio o retorno se completa, no silêncio talvez haja alguma salvação. na palavra não. só na poesia. na palavra não. cinema mudo, sim, cinema mudo - papalo e carlitos bem o sabem e anunciam. além do bem e do mal, o caos fecha os olhos e sorri, "quão bobas são essas crianças"... enquanto num quartinho negro dois palhaços compartilham confidências. não reconheço quem poderia categoricamente afirmar qualquer coisa. atitude mais autêntica? o niilismo serve? severidades... é possível salvar-se? o barco estende-se no mar deste sertão e à bordo as vozes se tocam. se roçam. sexo? ainda não. é cedo para nós. é tarde para os outros. e enquanto as pernas dão passos em qualquer direção, um céu, repito, o céu, ou melhor, este mesmo céu, que já no primeiro encontro do universo com o ser se fez e vingou acima e abaixo deste pequeno grupo que formado na eternidade, nesta noite se estendeu, esta mesma noite projeta o que poderá, a partir dali, se firmar. e enquanto eu não te alcanço, enquanto eu não te alcanço, dentro do peito arde em febre a dialética do amor.