amanhece o dia na cidade cheia de céu e em cada plano do olhar uma gota de desejo [dia de fogos, de festa, de seu joão] tanta trama por um gesto... e o dia do fim vir pode antes do re-começo. então chega em silêncio, para que não se sinta, para que não se perceba este contemplar perdido no salão, esta noite imensa, este passo torto, este xote lento, peito sem ar, garoa fina e fria de solidão. não há pressa, mas sopra o vento e nenhuma vida nova trará esta mesma forma de ser, então chega devagar [mas chega], que é p'ro peito não transbordar porque esta sua maneira de estar e esta minha forma de querer podem se perder, não são de se repetir. olha com olhos de deserto e silêncio tumultuado do pacífico, tira do náufrago corpo esta roupa molhada, envelhecida de si [se liberte de todo sal] pousa aqui, neste sertão e acende uma fogueira sobre esta terra de urucu. permita. porque o fim pode raiar e tomar jeito de cinzas. então deixa [vir] este estado de amanhecer.