domingo, 7 de outubro de 2012
terra entre os dedos
O que quero digo o que sinto largo
não anseio fatos
nem acumulo acontecimentos
o que não faço escrevo
o que não cresço invento
emolduro línguas entre vozes e silêncios
Mas as vezes extrapolo e grito
faço o que não devo escancaro o dito
me desfaleço em verbo
desestruturo o vácuo
me lanço nua e vazo
digo o que pede o intento
Moro na pedreira e nem por isso, pedro
pensar é estar sendo
enquanto atravesso o centro
Por gastar palavras mil poetas cairão
Meu estado é de ouvinte,
condição de mendicante
mas um dia acerto o lixo
e dele erijo melhor léxico
Não saber onde ir
indé melhor que certeza errada
se não há caminho certo
me doura a lua
e se todos me levam avante,
adiante
De querer ser coisa é que coisa
esquece de ir sendo o que não se sabe ainda
e enformiga a pele em delonga espera,
incapaz de um talvez no fogo
Prefiro estar entre tantos
do que entulhando esquecimentos
Essa vida está velha
e se não se pode conceber outra
senão nesse mesmo plano
peço licença para fundar um Ato
destemor
desmantelo
desespero
desmascaro
Estou viva!
inda essa boca de flores
inda essa cólera de sangue
Enquanto lá fora
um mundo que me espera
e já não reconheço
me oferece um cale-se
- recuso o copo e me oferendo
Já parti dez vezes desde antes daquele dia
e nenhum caminho dissolve a memória
apenas anuncia prelúdio distante
De passaporte na mão
para atravessar a próxima fronteira
Amo sempre com muita pressa
porque posso partir de manhã
como Ciça e pra nunca mais
para qualquer cais
mesmo dentro do infinito
onde me aguarde um porto novo
repleto de barcos e navegantes
Sou mulher de muitas vidas
retirante
Mas quando o velho desejo me toma
já não mais atendo
aprendi a discernir o canto
do um sopro tonto de um vício
lamento
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2 comentários:
Fabi,
teu verso alcança a realidade, e agora não há volta: há que inventar novas e novas formas de respirar em meio ao caos. debruça-te sobre o parapeito inevitável, e salta, para a morte, para a sorte inexata, para o encontro do destino amedrontado. poetas são sikhs, suicidas, amarrados até os dentes nas frentes de batalha... bem vinda ao fogo!
beijos,
r
como sempre te leio em mim. ou sera q me leio em ti?
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