segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

piauí



problema de labirinto: cheguei até aqui.
e agora? Gauguin com seu exílio,
Van Gogh com sua loucura,
Rimbaud com sua renúncia e
eu com este canivete.
(lavrei seu nome num pé de carnaúba)

neste calor torno-me pastosa,
injustificável e contingente.

seu nome inda abarca tudo.

sou aquela que você escreve,
retirante mulher da vida,
mas com o coração um pouco mais mole
és incapaz de ler.

- só sei falar
         de mim.
      
torno-me ignorante a cada dia
quanto mais se expande a terra sob meus pés.
isso me cala de susto
mas não ouso silenciar-me
e passo ao pânico um segundo antes da escrita
como temendo uma revelação
(sou dada à transcendência?)

um dia
talvez possa expressar o necessário.

minha angústia se prostra
ante a liberdade com kierkegaard
ante o nada com Heidegger
e com Sartre tenho tendência a fugir do meio termo:
indiferença ou dedicação maníaca
(mesmo em silêncio de longe te observo)

parece que quando mudamos de vida
como uma serpente
urge contemplar esta troca de pele morta,
quebradiça,
que já não é.
estar no mundo é tudo.

é preciso ser de barro,
mas minha concepção é vento.

quando eu morrer será só mais um não-lugar
múltipla sem original
uma escolha e um chamado para o longe.

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