sexta-feira, 16 de setembro de 2011

por isso não. se meta



pó. ornamento. 
dispositivo nenhum de nada. 
é 3 da tarde e a cabeça dói 
do conhaque de ontem
enquanto o mundo guerreia 
e trabalha. 

vaga 
bunda
torta de anja
caída num beco. 
asas do desejo.
hormônio. 

só os homens sacam, 
só os homens sabem 
- e os homens não são mulheres!,
o peso do que carregam nas pernas. 

os homens não são mulheres!,
só os homens sabem.
só os homens viram papas
enquanto as mulheres 
amam(entam). 

quando esteve ele por perto? 
ele não existe! 
é essa voz 
que agora brota 
de uma radiola velha. moleque.

enquanto você se 
enerva e buzina 
de dentro 
dessa lata no sinal,  
nas grades da liberdade
os professores se amarram.
em vão?

o governador não escuta. labuta?
em novo lar

bordado
por um comunista. 

é preciso fechar a b r. 

ela não sabe rima,
dizima. 
besta. 
burra. 
borda. 
do peixe herdou memória.

se nega a dizer 
o nome das coisas 

só os mortos a consolam
com sua carga de carne, 
de sangue. 
bukowski. 

quer se esvaziar até longe. 
marchar pelo fim da fome. 
só é feliz quem come. 

mas o prefeito vai de jato 
pra capital federal, 

rá! 

algo novo aconteça? 
o atlântico não é tão fundo assim 
e o afeganistão é logo aqui. 
já o mineirão está em dia 
com o calendário da copa, 
mas os operários querem greve. 

produzir agora, 
só para o que não tem valor. 
só para o que não existe. 

aprende a ser forte 
e elimina as palavras 

nuvens. 
agora só trovão. 

ele é uma praga 
dessas que 
colam no corpo 
feito bicho 

hospedeiro. 
suga o ar e a deixa 
ré.

ela se alimenta da fome do mundo. 

viverá até 86,
pintará até 71. 

o que come cabe 
na palavra amor 
mas tal signo há de ser triturado, 
há de ser devorado 
até deixar de. 

o amor nunca existiu. 
foi inventado 
por quem não tinha mais a fazer
e apostava em cavalos. 

agora tem uma parede preta na sala. 

o que pulsa dentro é uma vela. 
não vela que alumia, 
mas vela que filtra, 
porque as águas da cidade fedem. 
pampulha é linda e lodo. 
já o arrudas, 
como todas as nascentes 
que antes brotavam água na cidade, 
foram asfaltados. 

linguagem é bactéria. 
risca o fósforo 
e bum. 

o que sempre fez foi colar. 
nunca tirou 11 na prova, 
lanchava no banheiro
escondida da multidão, 
tinha medo de gente 
e uma vez por semana 
cantava o hino na porta da escola. 
por isso, talvez, 
tenha se tornado vesga. 

sua bisavó era índia. 
foi laçada na mata por homem branco. 
por isso essa cara pálida. 
e essa sede de rio filha da puta.


por isso não.
se meta





Um comentário:

Pearl Store disse...

Gostei :)
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Bom fim de semana*