sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

augusta



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cansada de se deitar com outros corpos, hoje ela arrombou a porta com força, ciumenta, viceral, extravagante. bicho colérico e vingativo, parece não suportar os seus dias de alegria. vem com a língua dos becos, expulsa para fora toda a luz, esconde-a atrás das cortinas e escancara os diabos noturnos engavetados pela casa. primeiro ela se esfrega nos seus olhos, provocando cegueira. depois dá nó no cérebro, puxa com pinça uma veia e bebe seu sangue até deixar-te tonta, quase morta. e se espalha pelas carnes, despudorada. aperta seu peito com mãos possessivas, agarra seu ventre como se a ela pertencesse, a joga na cama e te bate com força, quer ver-te ferida. verme rastejante carente de sangue, nojenta, feiticeira. te deixa odiar o dia, bafo vindo do inferno. "tenho sede!", grita. "muita sede!" - mulher embriagada, imbecil, estérica. te ameaça. te faz mentir o sol de morte, refém do grito. capaz dos textos mais sujos, repletos de nada.
com ela és capaz de ferir feito ela te fere, capaz de parir como ela te pari, capaz de sangrar como ela te sangra, capaz de morrer como ela te vive. te entorna! veneno. sede, sede, sede, sede.

nesses dias serás.........
......... ....dias de
Augusta.
............... ... enxaqueca



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