terça-feira, 28 de dezembro de 2010

janeiro


o mundo, um grão. gigante é o corpo e tudo o que cabe nele além dos seus cabelos. de repente tudo parou de doer e só ficou de você este olhar projetado sobre uma viagem que faça rodar o mundo e as pessoas num reordenamento de territórios e liguagem. é apenas simbólico, sim, é apenas simbólico o seu jeito de olhar, o seu jeito de tocar, o seu jeito de projetar o corpo enquanto pensa a próxima frase, mas por favor, respire antes, respire...
você cuidou da dor, mas a carne mais se feriu. o que dói ainda agora é a certeza de mil sonhos e ainda a espera pelo trampolim. há circularidade no mundo e ela se manifesta dentro da sua cabeça, recorrência de desejo e vazio, como uma criança na montanha russa, como um erre sem fim. resta pouco tempo para tudo, mas ainda é suficiente o (tempo) que resta, então corra (lola) corra., todo o novo já está velho porque o que se busca não é o que se afirma não nascido, mas algo já sabido, simples e mil vezes pronunciado. chão rochoso. o céu desaba em azul na sua cabeça. você molhou a flor, mas ela nasceu morta. e o azul não a agrada, não significa nada, te prostra na espera por morfeu. pós tropicalismo. o que há depois de glauber, o que há depois de varda? o ciclo se fecha, o ciclo se abre. você se empenha em ser melhor, mas o melhor parece atrás, um sonho infantil esquecido na bolsa amarela, na ilha perdida, nos escravos de jó, na boneca de pano, no elefantinho amarelo. queria o mar, mas os de janeiro não, de bichos estranhos de branco, vaidades e transcendências. admirável mundo novo, laranja mecância, planeta dos macacos. tudo parece atulhado, atormento, som de acufeno. buscar o seu lugar no centro do que não, numa fenda. admitir o máximo de covardia e coragem para fazer parir o seu novo. janeiro disse que já chegou em mim.

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