sábado, 30 de outubro de 2010

AMÉM


"As horas é que formam o longe. O sertão é uma espera enorme. Quem sabe o que essas pedras em redor estão aquecendo, e que em uma hora vão transformar, de dentro da dureza delas, como pássaro nascido? Notícia que se vai ter amanhã, hoje mesmo ela já se serve. Sabia, sei. Como cachorro sabe. Ah, o que eu não entendo, isso é que é capaz de me matar... Amor é a gente querendo achar o que é da gente. Homem a pé, esses Gerais comem. Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas. Só outro silêncio. O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais. Mas, por cativa em seu destinozinho de chão, é que árvore abre tantos braços. Estradeei. Razão e feijão todo dia dão de renovar. A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação - porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada. Veredas mortas. Chefe não era para arrecadar vantagens, mas para emendar o defeituoso. Se amanhã meu dia for, em depois-d'amanhã não me vejo. Liso do Sussuarão - ali tinha carrapato... Que é que chupavam, por seu miudinho viver? Choca mal, quem sai do ninho." (grande sertão, guimarães)

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