ver se vê nos poros
não nos olhos
que os poros são mais postos
a sentidos
um corpo vazio
ocupa um lugar
o lugar do ar
o lugar do ar
o lugar da água
o lugar do horizonte
a dor é um lugar
o lugar do horizonte
a dor é um lugar
sombrio
vazio
e cheio de ar
dá para respirar
o ar vazio de um corpo
está cheio de horizonte
aquilo que no ar ocupa um lugar,
aquilo,
a dor,
está cheio de vazio
o vazio ocupa o lugar do ar.
dá para respirar
o ar vazio de um corpo
está cheio de horizonte
aquilo que no ar ocupa um lugar,
aquilo,
a dor,
está cheio de vazio
o vazio ocupa o lugar do ar.
o rio leva
o galho, o rio leva
a folha, o rio leva
o bicho, o rio leva
tudo que é leve, leva, leva
a nuvem, o rio leva?
a água - da chuva, da fonte, do balde, do cuspe, da lágrima, do gozo
o rio leva ou já é rio a água que não era e lá caiu?
chia brando um chhhiado de chuva
chama o sono, chama o canto
chama chanchã, chama, chama
o rio que chama e que leva, quando passa, passa?
o rio que passa, se é que passa
embora sempre sempre
leve a nuvem, leve o galho, leve a folha, leve o cuspe, leve o leve,
o rio doce até à foz,
quando fica salgado, deixa de ser rio?
E em qual gota terá deixado de ser doce, o rio?
o rio que se foi deixando,
se deitando
se deitando
se deixando a(o) mar
Nenhum comentário:
Postar um comentário