Viagem rumo a Machu Pichu
1. La Paz.
Capital mais alta do mundo, 3.600 m acima do nível do mar. A cidade é densa, diferente de qualquer outra que eu tenha conhecido. Impossível desvendá-la assim, num caminhar. Uma luta se trava através do olhar, desputado pelo povo andino, pela arquitetura espanhola, pela vida pulsante, frenética, caótica do lugar.
As chollas me fascinam, mulheres pequeninas, gordinhas e coloridas, com seus xales bordados e chapéus a enfeita mais do que a proteger.
O cemitério de La Paz. Indescritível labirinto formado por gaveteiros de túmulos que formam longas e altas paredes que deixam a vista, de forma simétrica, inscriçoes de mortos e objetos postos e cultivados pelos vivos.
Sinto muito frio aqui. Acordei numa madrugada com membros cogelando, caibras, sangrei pelo nariz, senti tontura, tive que medicar-me e masco folha de coca desde lá, melhor agora.
Comprei um pano e já me abrigo nele, querendo incorporar no meu corpo a estética dos andes.
Em La Paz fui rejeitada. Minha pele branca? A evidência de ser uma turista? Penso que talvez odeiam o que a minha figura representa. Quase fiz xixi na roupa por me faltar 50 centavos de bolivianos e a cholla se negou veementemente a solidarizar-se comigo. Ofereci 1 dólar, o que, creio, foi pior - talvez lhe pareceu mais arrogante. E meu portunhol nao ajuda muito...
Evo está presente nas ruas.