terça-feira, 26 de junho de 2007



"como encontrar idéias?

demonstrando uma perseverança
que seja quase loucura."

(charles chaplin)

terça-feira, 19 de junho de 2007





arriscando-me em pincéis...


domingo, 17 de junho de 2007



há noite dentro do dentro, incerteza quanto ao ir mas os pés já pisam o rumo do penhasco, talvez uma queda hospede o corpo, talvez ele descubra asas e consiga voar, talvez o tombo valha o tombo. nada para aprender, o passo só pelo ato. alguns ecos, alguns toques pousando para abrigar. dos afetos que foram, dos que virão refeitos, retas, curvas, possibilidades. algo se fecha, o ciclo retém um pouco de sal nos cílios. não há mais para o estranhamento. em paralelas, seguem estranhos. abismos.


Os dias propõem ondas
- Brasília talvez abrigue minhas veias.
Meus desejos, em curvas, encontrarão Niemeyer.

flores
espalhadas por toda a cidade
reclamam uma cpi
- proibido regar (sem exceções)

A porta se abriu.
O amor se fechou?

A capital dos ministérios me parece grande. Assusta
meu jeito canhoto
- talvez me perca nos seus caixotes
(Lispector me diz horrendas impressões sobre a cidade)

Mas há um imenso céu
e um coração que ainda pulsa (baiana e) mineiramente
[é possível que eu sobreviva].

Amanhã Leila Míccolis abriga-me na feira do livro
- conforto poético que inunda ruídos.






terça-feira, 12 de junho de 2007


fazer o caminho mais longo,
que te dobre, que te transforme


aprender o gesto da chuva
- a delicadeza não pode espera

sábado, 9 de junho de 2007



Resíduos.

De tudo, talvez, pouco tenha ficado,
um pouco de medo. Um pouco de restos
de gritos. Do amor
restaram poucas pétalas.

Restou um certo sombreado de sol
que entra pela persiana.
Da boca que se abre
pouco se retém,
quase quase não se vê palavra.

Alguma ínfima poeira
se vê nas coisas pelos cantos,
o sapato ainda entocado com lama,
a flor murchou

ainda talvez o caule
hospede alguma bactéria
e sobraram alguns livros
abertos na estante
insinuando restos de poesia.

Caço, contudo, pelos pratos, restos
sobra, sempre sobra farelo
e talvez seja possível fazer uma última refeição.

Das linhas busco redescobrir montanhas,
espero da língua
mais que silêncio
e pode ser que haja no copo um resto ínfimo de álcool.

Ficou um pouco ainda
um pouco ainda de pesar
pela fotografia.
A música tocou.
Sobrado, haveria, um resto de mim?

No ônibus poema lembra
que a cidade abriga mazelas
- posso ainda esbarrar pelos teus pés.



domingo, 3 de junho de 2007




amanheço o dia com nina
simone enchendo a sala de jazz
é um domingo assim claro no céu
e meu peito quase cheio
pode estourar
de melancolia e solidão

os homens pedem sapatos
as mulheres, salto alto – como conseguem, meu deus, caminhar?
só os lírios não pedem leis

e ninguém, ninguém
tem um olhar assim tão quente
(e mãos tão pequenas...)

esta noite
esta noite
sonhei que era estrela no sertão
embrulhada numa nuvem grande, morna

confirma-se a suspeita no peito:
pode ser que a felicidade seja isso mesmo
o tempo das folhas

e dói um pouco ser tão pequena
mas às vezes é bom, que caibo nos pequenos cantos
- me escondo em ti sem que me percebas

só o coração quase não suporta
o rabisco tumultuado numa pedra
penso, penso
haverá saída para a fome?

mas o outono somente agora desfolha
e a primavera,
drummond, e a primavera?